terça-feira, 31 de janeiro de 2012

As mesmas palavras para dizer isto e o contrário disto

Não se pode duvidar do poder poético de Clarice Lispector que construiu este poema duplo que numa primeira leitura canta o amor perdido e noutra, apenas invertendo a ordem dos versos canta o amor...

«Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

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É tarde demais...
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
EU TE AMO!
E jamais usarei a frase
Já te esqueci!
Sinto cada vez mais que
Alimento um grande amor.
Não poderia dizer jamais que
Você não significa nada.
Sinto dentro de mim que
Nada foi em vão.
Tenho certeza que
Ainda te quero como sempre quis.
Estarei mentindo dizendo que
Não te amo mais.»
Clarice Lispector

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sabedoria

«Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.»
Clarice Lispector

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

inventar a esperança

“Não há outro valor por que lutar senão pela liberdade de
inventar a esperança, aceitando a possibilidade do desastre (...).”
Teolinda Gersão in O silêncio, p.119