quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

a uma amiga


Diante do teu silêncio
Frente ao teu muro selado

Agir ou ficar calado?

Procuro recolher os teus cacos
Em silêncio
No teu silêncio
No meu coração

Eu acredito na reconstrução

Ousar é palavra de ordem

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

As palavras do/no poema

"DIANTE DA FOLHA BRANCA
[...]
Todo o poema é um tecido de relações
um corpo de palavras
e nesse corpo arde o desejo do corpo

O poema retorna sempre ao desejo inicial
insaciavelmente branco
incandescente
as palavras surgem renovadas
como se o poema as dissesse pela primeira vez
numa outra língua
mas é a mesma língua
de todos
um pouco mais nua
ardente
e branca"

António Ramos Rosa, O Centro na Distância

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Palavras

o sal da língua


Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.

by Eugénio de Andrade

domingo, 9 de janeiro de 2011

véhémence de l'imaginaire


La page
le blanc
l'attente
l'action

Véhémence de l'imaginaire
Vagues adoucies par l'infini

La violence de la douceur
le rythme de la profondeur