sábado, 2 de novembro de 2013

Elogio

A ti que ousas 
grita a verdade, a tua verdade aqui e agora.
Chegará a tua consolação
Em breve
Germinará em terreno são
e vencerá 
Aquele silêncio
Podre

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A C.M.

Sou brisa, és vento

somos frágeis e simultaneamente fortes 
Seremos capazes de gestar a possibilidade?



quarta-feira, 24 de abril de 2013

transpondo o vento

Centra-se aqui,
entre o rosto e o peito
o silêncio da ondulação

Cai e dói
transpondo o vento da existência
e fica-se
assim

Pressente-se o renascimento
A primavera da palavra
numa cândida melodia

ao vento

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Para lá do não

Voa a sílaba doente
não há ar que a leve
não tem ouvido que a escute

enrolo meus braços em mim para recordar que tenho corpo
fecho-me e desejo-me

nada

o vazio

outro sinal

«os sinais não dizem nada perante o meu vazio», grita Eva

E continuarão a não dizer nada enquanto teus olhos e teus ouvidos não forem capazes de lhe conferir sentido

E para lá do não

a solidão abismal
a cultura da dor

o prazer da dor?

Tremo

terça-feira, 26 de março de 2013

linguagens e comunicação

«O melhor retrato de cada um é aquilo que escreve. O Corpo retrata-se com o pincel, a Alma com a pena» (Pe. António Vieira)

Tenho medo das palavras não confio nelas
Frequentemente julgo entender o que dizem, sendo outro o que queriam dizer

Aprendo lentamente linguagens

Em tempos confiei no gesto

Mas igualmente a sua ambiguidade me deixou no vazio

Porque sofremos tanto em comunicar?

Porque insistimos em comunicar o que gostaríamos de ser, enganando-nos por vezes a nós próprios?

 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Hino ao SOL

Vem astro
vem reencontrar-me sentada à meia sombra
Vem e abraça-me
Estou tão carente de teu suave embalo
Vem astro
Tremo
e desconcerto-me

Vem

Entre palavras e gestos

Desconfio das palavras e por isso as omito
escrevo com os dedos na tua pele
meu poema
minha ânsia de te reencontrar
gesto

Desconfias dos gestos e por isso os omites
escreves com letras longe de meu corpo
tua ânsia de me reencontrar
palavra

E as nossas linguagens distanciam-se 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Desdormeço-me

Habita-me a angústia de incompreender

Desdormeço-me e é sombra o que me envolve

Sonhei-me da LUZ

O projeto parecia tão sólido, a companhia tão perfeita

até que
há tempo demais

Esbofeteam-me para que desperte

Preciso readormecer

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Je m'inquiète

Je m'inquiète en remarquant
qu'il y a des gens ne voyant pas le bonheur de la liberté
qu'il y a des gens ne croyant pas à la transparence
qu'il y a des gens n'imaginant plus la profondeur du temps et de la présence

Je m'inquiète de rêver
                 encore
                                      de croire
                                                          encore

A Francisco, o Santo

Descubro com assombro que talvez as palavras do Santo se enganem
«é dando que se recebe»

Se dele o ensinamento for verdadeiro, erro-me

ou não sei dar
ou então não sei receber

Francisco, o Santo, ensina-me a ler e sentir teu canto!

A ti menina

Caí no labirinto e perco-me entre desejo e sobrevivência. Um dilúvio me trouxe. Transportada pelas águas nada sei esperar. Vejo teu fogo, menina, o teu vibrar pelo Novo. Corres menina e eu quero acompanhar-te. Corres sozinha. Quero sozinha. Duas meninas procurando o caminho no mesmo Labiirinto.. até que.

Devagar

Devagar, devagarinho
desço ao obscuro de mim

Sou comum onde me julguei única
Sou fraca onde me julguei forte
Não sou onde julguei ser-me

Retomo pelo caminho de volta

Na fé fundamental refundarei o meu juízo de mim
E procure novos povos
que nova me achem
e comigo creiam
na inacreditável unicidade

Devagar, devagarinho
subindo
subindo

Abrigo-me
Esqueço-me
Retraço-me

Desinto-me

hoje, menos um pouco ser
menos um pouco

eu

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

L'option du silence

Lorsque l'on ne sait pas comment dire
Mieux vaut  ne rien dire

J'essaie d'y croire
Et je passe sous silence

Pourtant j'aurais tant à dire...

Je sens tellement et si fort

Le vide
l'attente sans fin

domingo, 27 de janeiro de 2013

Desconcertante

Há dias em que a fúria invade

fúria de alimentar um sonho sem futuro

fúria de ceder

fúria de não saber ser

fúria desconcertante

e contudo não é a mudança radical o que procuro

é a fúria de não procurar nada